Mas não tenho culpa enfim
De que em mim não corresponde
Ao outro que amaste em mim
Para mim sou quem me penso,
Para outros – cada um sente,
O que julga, e é um erro imenso,
Não me sonhem nem me outrem,
Se eu não me quero encontrar,
Quererei que outros me encontrem?
MISTÉRIO
Gosto de ti, ó chuva, nos beirados,
Dizendo coisas que ninguém entende!
Da tua cantilena se desprende
Um sonho de magia e de pecados.
Uma alada canção palpita e ascende,
Frases que a nossa boca não aprende,
Murmúrios por caminhos desolados.
Fazes passar o lúgubre arrepio
Das sensações estranhas, dolorosas…
Quando, inerte, na paz do cemitério,
O meu corpo matar a fome ás rosas!
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